quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Tristeza

Sem mais.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A chegada da Crise


Por: Beto

Falar em crise é adjetivar: econômica, social, ambiental. Já esbocei uma tentativa de compreendê-la aqui.
Em vão.
De todas as crises, a suposta crise da segurança pública decerto é a que mais envolve o clima da cidade. É uma crise que dá frio na espinha.
20 anos após o massacre do Carandiru. 15 anos após a Favela Naval em Diadema. Pouco mais de 5 anos após os conflitos de 2006.
Os fatos recentes vêm trazendo um receio maior à crise. Números assustam e surgem a cada hora. Aliás, nem toda mídia o divulga de fato. Talvez pudessem fazê-lo só com tabelas, sem mencionar os tendenciosos textos que acompanham as reportagens.
Chega aquela crise que bate à porta, no sentido mais invasivo do termo. Aquela crise que pode te pegar despercebido, aquela na qual você pode não saber de onde veio a bala.

De um dia para o outro as grandes crises se arrastam. Se nos atingem em cheio, fica a dica de buscar uma compreensão mais ampla. De fato, atingem. 
Mas os oceanos ainda não inundaram nossos lares.
A recessão é contra-atacada com venda de carros 1.0.
As diferenças étnicas são ocultadas e suprimidas com declarações universais sobre a diversidade.

As mazelas no espaço rural, sempre lembradas em damarginalpracá , têm aderência cíclica na preocupação dos metropolitanos. Talvez nem soe como parte de uma crise maior por parte de nossa população.

Mas sem dúvida, há uma crise mais específica que aflige, obviamente, o morador da periferia. Este que absorve os efeitos de todas as outras crises com mais intensidade, como esponja. Pois é enxugando o gelo que segue a vida.

Segue-se mais uma vez o cenário. A crise mais intensa: aquela que o pobre vê de perto.


Seguirá o suposto bem contra o mal nos nossos noticiários. As mentiras descaradas contadas pela PM. Um cara-raspada responderá seguro que possui o controle da situação, em sua farda medalhada e cabelo liso de gel.

E amanhã todos vamos trabalhar.

(fotógrafo Diego Vara)

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Sequência

Por: Beto

Hoje na volta do trabalho eu vi uma ocupação de terra.
Famílias, crianças, tendas, plástico e ripas. Não tinha notado a ocupação no caminho de ida. Nem ontem, passando pelo mesmo lugar. Das duas uma: ou estou mesmo atento, ou com a visão comprometida pela correria.

A cena me trouxe à mente uma sequência de outras situações presentes nos últimos dias e meses. Em Naviraí (MS) e em Americana (SP), Guaranis-Kaiowá e camponeses. Determinadas canetadas podem impedir, nos próximos dias e semanas, um suicídio coletivo e um processo de despejo de centenas de famílias.

Onde circulo, processos semelhantes ocorrem a cada dia. Desocupações, invasões. Açoites. Ameaças de incêndio.
No auge do ringue do segundo turno tenho um breve cenário urbano-rural do meu país

Reflito sobre a representatividade que esta aí, proposta. Imposta. Dia após dia ouvindo promessas, diálogos, propagandas. Sendo invadidos pelo vermelho, pelo azul e amarelo, panfletos e infinitos cavaletes.

Segue a estrada dos pensamentos, numa breve análise que é indignante.
Soninha, por exemplo. A fala descolada e simpática me vira e acusa o adversário de filhadaputagem. Bom, deram o Print. Rs. A análise fez-me rir no começo. Mas a risada, nesse caso, só poderia ser sadismo de minha parte. Diante do cenário da vida.

Vou ao representante do centro expandido. Este sente cada vez mais o sabor da derrota. Não sabe mais como perder e logo estará como Maluf. Perderá de novo, mesmo apelando para as vítimas do acidente da TAM no horário eleitoral. Realmente, essa ele saca da manga. Parece que foi bem efetivo o socorro às vítimas na época. Ótimo.

Mas com grande respeito às famílias, eu não me comovo, candidato, já que vejo pela janela o extermínio e a luta. Vejo a justiça optando pela especulação em detrimento da vida, amparada por artigos e incisos, retirados da nossa incapacidade de intervenção histórica, no qual legislamos contra nós mesmos ao escolher nossos representantes.

Sigo nesse mote de pensamentos. A cena é triste. A cena incomoda. E não há como não pensar em nossa representação, ainda mais nesse momento.

1984. Lembro-me do grande articulador: o centro, o partido. Enquanto exigimos, ansiosos, vetos, assinaturas e posturas, ele opera por si. Liso, ele cruza o país, onde duas imagens acompanham a trupe: o Presidente e a Presidenta. Agora, no segundo turno, eles vêm pessoalmente, principalmente nas cidades grandes.

Em São Paulo, Haddad me chama a atenção: senta pra ideia na reta final em SP. Ideia representativa, com Brown, Ice Blue, Leci Brandão, Helião, Ganjaman.
Netinho de Paula?
Já em Campinas, vem a dupla dizer descaradamente que lugar de radialista não é na política. Nessa hora ri de novo, olha a frase! Olha o pleito eleitoral!

Não há credibilidade, nem muito motivo pra sorriso. A sequência de notícias nos leva à mazela. Irracionalidade no campo e na cidade. Em São Paulo a sensação é a de uma cidade nocauteada pela gestão da elite. Nocauteada pelos ricos, pelas ocupações policiais, bombas de gás, abusos, crimes. Repressões de todas as formas.

(Me foge o plural da palavra “projétil” nesse momento).

Fica o maior questionamento desse processo eleitoral:
Em que medida o povo reconhece que está acuado?

Entre o crédito, os empréstimos e os juros. Entre gás de pimenta, despejo e esgoto a céu aberto.  Entre o salário no nível do simples pra muitos e do inexistente para outros tantos.
Entre aqueles que aberrantemente não veem essas cenas, ou fingem não vê-la, ou até mesmo culpam aqueles que protagonizam a cena pela sua existência.

Acuado estamos todos.

Entre todo o tipo de propaganda eleitoral.
Atingidos.

Entre o drama da TAM.
Sensibilizado.

Entre o comício e o último capítulo da novela.

Creio que existam fatos emblemáticos, que podem mexer com a sensibilidade de uma nação e dos seus cidadãos. Certo?
Não seria uma ameaça de suicídio coletivo por etnias de nosso território um desses fatos?  Mesmo entendido como "morte coletiva" na análise institucional (o que seria, em tese, diferente).

A cidade afirma “Yes, nós temos amor!” na Praça Revitalizada, enquanto o mandatário do Estado diz que só morrerá quem se mexer.

(Na periferia a próxima festa do amor, combinado?)

O cidadão e o eleitor.
O campo e a cidade.

Até que ponto essa sequência de pensamentos que eu tive recobre as pessoas essa época do ano é difícil de mensurar. Talvez não tão pouco como se afirme. Mas há uma certeza: quem não vê, não pensa.


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Em qual mentira vou acreditar?

Por: Junior



No próximo Domingo, o povo Paulistano vai às urnas escolher seu novo velho Prefeito.
Novo velho seja qual for o resultado da festa da "Democracia", pouca coisa vai mudar pra melhor.

Os principais concorrentes ao cargo, não passam a menor confiança. O atual líder das pesquisas Russomano, ficou famoso por trabalhar na TV. E entrou na política através do seu "dindo" Paulo Maluf e hoje tenta de todas as maneiras possíveis esconder isso. Foi deputado federal e na Câmara nada fez pra melhorar nossa vida. Participou sim de diversos conchavos e votou contra o projeto Ficha Limpa, sempre se disse Católico e hoje está recebendo apoio maciço das igrejas evangélicas.

Ao que tudo indica Russomano vai disputar o segundo turno contra Serra ou Haddad. Não preciso falar o porquê de não votar em Serra, é até difícil, são tantos motivos que daria pra escrever um livro, Serra é o PSDB, de Alckimin, de FHC, das privatizações, da policia que anda matando a todo quer direito, além de ter apoio do atual e pior prefeito da história de SP. O petista Haddad de trabalhador não tem nada, foi criado a vida todo com "sucrilho no prato" foi uma imposição de Lula que visa dar uma cara nova ao PT, criando novas figuras publicas. Para esconder os petistas e mensaleiros Genoino e Zé Dirceu, se não bastasse isso a candidatura de Haddad tem total apoio de Maluf.

Temos ainda os jovens Soninha e Chalita. Ela até que era uma boa jornalista, tem um bom papo sempre tá sorrindo, mas seu Partido e seus ideais não merecem a menor consideração. Chalita é do PMDB e já foi do PSDB se não bastasse isso seu discursinho de bom moço que quer unir PT e PSDB em prol de SP, não cola nenhum pouco.

Ainda na disputa o sindicalismo, com um imenso aparato e nenhum resultado de Paulinho da Força. E os fanfarrões Levi Fidelix e Eymael.

Nos resta dar uma olhada com mais atenção em Ana Luisa (PSTU) e Giannazzi (PSOL).

Ou acabar recorrendo ao VOTO NULO!







quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Sim, eles são Heróis!

Por: Junior




No último Domingo foi encerrada mais uma edição dos Jogos Olímpicos. Com 17 medalhas, o Brasil superou as 15 conquistadas em Atlanta-96 e Pequim-08 e confirmou em Londres sua melhor participação em toda história.

O Judo e o Vôlei continuam sendo nosso bastião, conquistando 4 medalhas cada.  O Boxe, após 44 anos de jejum, garantiu 3 medalhas. E duas modalidades chegaram ao pódio pela primeira vez, a Ginastica e o Pentatlo Moderno.

Não sou desses que tem "complexo de vira-lata” e a mania de achar que tudo por aqui tá ruim, tudo é uma merda... Mas se levarmos em conta o tamanho do nosso país e o talento do nosso Povo, o número de medalhas poderia ser bem maior. Países bem menores, como a Jamaica e a Hungria, conseguiram ficar à frente de nós no quadro de medalhas.
Mas se levarmos em conta o quanto realmente se é investido em esporte por aqui, nossa campanha foi muto boa.

Tirando Futebol Masculino e o Vôlei, no nosso Brasil não há o menor apoio ao Esporte. O máximo que temos são grandes empresas quem patrocinam os medalhistas em potencial, e mesmo assim quando falta alguns meses para as Olimpíadas... para depois parecerem que tiveram algum mérito na possível conquista do atleta.

Temos sim, a chamada Lei Agnelo-Piva que é um montante que sai do que é arrecadado através das loterias e que nos últimos 4 anos arrecadou 2 BILHÕES de Reais. Só que esse dinheiro todo vai direto para o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) que repassa as Federações pra então chegar aos Atletas... Sendo você uma pessoa inteligente, não precisa explicar que grande parte dessa grana se perde pelo caminho.

O COB tem como seu Presidente Carlos Arthur Nuzman, ditador do nosso esporte que faz Ricardo Teixeira, parecer um Santo... Já que ao contrário de Teixeira, Nuzman só mexe com dinheiro publico. E nada faz... além de cobrar os Atletas publicamente.

Nossa politica de esporte tem que ter uma mudança radical, nada de dinheiro publico pro Seu Nuzman e federações. Essa grana toda tem chegar diretamente aos atletas, dando a eles ótimas condições de treinamento, atendimento clínico e psicológico... Ai sim, eles podem ser cobrados por melhores resultados. E o Principal de tudo, apostar na descoberta de novos talentos, com uma ampla política esportiva nas escolas.... O máximo que sem tem hoje nas escolas é um professor mal pago, uma bola e uma quadra pra jogar um futebolzinho... O que é muito pouco.

Não há espaços públicos para se correr, nadar, ou jogar um vôlei ou um basquete. Eu nos meus quase 30 anos, mesmo sem estudar em escolas espetaculares... cheguei a ter aulas de handebol, vôlei, basquete e até atletismo, o que não acontece nos dias atuais.

A Jamaica tem Usain Bolt, porque lá toda criança dos 7 até os 14 anos pratica atletismo na escola... assim eles descobrem os que tem talento. E mesmo sem rios de dinheiro, hoje a Jamaica é uma potência no Atletismo. É praticamente impossível achar futuros campeões se na escola o esporte não tiver presente. Um Estado que gasta com esporte... economiza em saúde e segurança.

Nos próximos 4 anos vamos ouvir muito das federações o mesmo papinho que haverá mais investimentos. Mas o que veremos sera mais aparecimentos de heroicos atletas. Que vão chegar às Olimpíadas através de seu esforço, com ajuda de seus familiares e amigos.... e se o resultado for uma medalha, ai sim ele conseguirá patrocinadores.

Um Estado que sem politica esportiva de verdade, não descobre campeões...

Não descobre heróis!






domingo, 29 de abril de 2012

Brasil Vermelho-Verde-Amarelo


Por: Beto

Há quem diga que a cidade nasce a partir do campo. Sim, pois historicamente as cidades surgem no momento em que o trabalho humano realizado no campo se acumula a ponto de poder ser trocado, ou, mais propriamente, de precisar ser trocado.

Claro que, o princípio de uma cidade como aglomeração de pessoas, como convivência, não se dá unicamente por esse aspecto. É possível conceber a cidade em sua origem como centro de prática religiosa ou como mero encontro. Grandes relações também se encontram se pensarmos na troca de informações, sede do poder, local seguro, local das trocas de mercadorias. Mercadorias por dinheiro, mercadorias por elas mesmas, mercadorias por favores, mercadorias como mitos.

Fundamentos do princípio de vida humana agrupada encontram-se ainda nos estudos antropológicos de distantes aldeias. Mas não era preciso ir tão longe. Filosofia, religião e ideologia se encarregaram de trazer o raciocínio para a vida moderna e, inclusive, de minimizar o que se encontra fora dela, enquanto vida coletiva.

Poderíamos, de maneira unânime, partilhar que a cidade é o futuro da sociedade?

Busquemos uma resposta deixando de lado a disputa por metros quadrados e partindo para os hectares.

Quantos destaques poderiam ser dados ao campo? Ainda mais se estivermos na busca por conceber nele um futuro não urbano.

Local da disputa. O que se entende por campo, por rural, precede um pensamento sobre a providência da terra, sobre a materialização através trabalho do homem e sobre a propriedade de terra. Propriedade que, hora ou outra na história, foi ocupada pela brutalidade, foi ocupada e, no advento das Leis da sociedade moderna, foram apropriadas, ou seja, roubadas.

Sim, todas elas roubadas um dia. Para depois de algumas canetadas poderem ser vendidas, o que data de 1850 no Brasil. As terras. Motivo principal de nossa colonização. A riqueza que proveria da terra foi o estopim de um processo que dilacerou os vínculos da espécie humana com a terra em várias regiões do mundo e no Brasil, através da colonização.

Impôs-se à terra uma mutilação. Permitiu-se a propriedade e o trabalho, e definir com precisão onde isso ocorreu é quase impossível. Grande parte do mundo vê hoje as identidades territoriais manifestadas num espaço construído. E este cada vez menos é um espaço do camponês, que no mundo atual dá lugar ao agronegócio.

O mês de abril no Brasil é esclarecedor e nos ilustra. (Na mesma medida em que demonstra nossa cegueira quanto ao assunto).

Ao longo do abril vermelho um dos maiores movimentos sociais do mundo ocupa, reivindica, invade terras. Denuncia os descaminhos e as mais profundas contradições do espaço rural. Nenhuma alma, a mais reacionária que exista, iria ser contrária ao MST se não o analisasse unicamente pelo ponto de vista da propriedade, que com toda justiça o movimento vêm reivindicando nos dias recentes. Pois o MST reivindica também a vida.

Vida às crianças. Vida a terra. Não uma terra a serviço da cidade. Não uma terra que nem mesmo dá conta de matar a fome da cidade, produzindo “para a entrada dos dólares”, argumento repetido sem fundamento, na medida em que não se faz compreender.

Cabe destacar que, espremidos nas terras da exportação e das máquinas de seus proprietários, os camponeses são aqueles que ainda dão de comer às cidades. Aos filhos da cidade.

Mas voltando aos reacionários, o MST reivindica também uma cultura, um modo de ser. O que carece na leitura de muitos daqueles que carregam as mesmas bandeiras vermelhas aqui nas praças e avenidas da cidade, reivindicando o proletariado.

Todo brasileiro deveria estar, no mínimo ciente das reivindicações do abril vermelho promovido pelo MST. Disputando a sociedade e pensando na vida. Pensando numa possível vida além das cidades. Reivindicando vida para o camponês. Isso é compromisso.

Bem, terminaria esse argumento aqui, mas os dias últimos desse peculiar abril brasileiro nos reservou uma surpresa relacionada ao tal código de conduta sobre nossas terras ainda cobertas. Aquelas mais vivas. (Note que o que se reivindica sempre é vida). As florestas!

Campo coberto. Esse sim o mundo urbano se preocupa um pouco mais. O que se viu foi claro, apesar de os detalhes serem esclarecedores e merecerem sua atenção. Sim ao Novo código significava sim aos desmatamentos e sim ao perdão a quem desmatou no passado. O sim venceu, mas não essa a surpresa.

A sociedade num lampejo diz “Veta Dilma!”, transcendendo setores e classes. Se marcar, tem ator global de novo na parada.

Mas vá além, presidenta. Não se esqueça do abril vermelho.
Pois ele é prioridade.


domingo, 15 de abril de 2012

30 anos de uma democracia!

Por: Junior



Na segunda metade do século XX a America Latina era dominada por tiranas ditaduras militares. Golpes de Estado eram apoiados pelo Governo Ianque que em troca exigia apoio total durante a Guerra Fria.
No Brasil, mais precisamente em 1982, apesar do AI-5 não vigorar mais. Ainda não se votava para Presidente, mas já era possível sentir um clima de abertura poiltica. E após 18 anos os Brasileiros iriam as urnas eleger os Governadores de seus Estados. Mas só o povo unido, organizado, tomando as ruas, poderiam enfim sepultar a ditadura. O Movimento das Diretas-Já começava a surgir e paralelo a tudo isso num terreno de alguns milhares de metros quadrados na Zona Leste Paulistana, respirava-se Democracia, e talvez fosse ali no Parque São Jorge o único lugar no Brasil onde se vivia um regime democrático.
Os "cabeças" do Movimento, o diretor de futebol e sociólogo, Adilson Monteiro Alves, e os jogadores Wladimir, Casagrande e o Saudoso Doutos Sócrates, não concordavam como se davam as relações de trabalho dentro do futebol, e organizaram um Movimento revolucionário que pregava decisões Democraticas e um relacionamento mais profissional e sincero. Esse Movimento ficou conhecido como Democracia Corintiana.
O Futebol é um meio muito retrógrado, apegados ao poder a cartolagem procura alienar os atletas que apesar de todo dinheiro que ganham de todo glamour da profissão são na imensa maioria ignorantes. E como os jogadores se deixam levar, acabam não sendo tratados como profissional e cidadão com deveres e direitos, com responsabilidade e liberdade. Contra isso que surgiu o Movimento Corintiano.
E deu muito certo, o Corinthians se tornou o time da moda, falado, discutido, debatido.
Como um grupo de trabalhadores tinham a audácia de ter voz em plena ditadura?
Tudo era votado, das novas contratações do Clube, ao horário que deveriam viajar ou se deveriam ou não ficar concentrados. A camisa do Clube que agora é suja cheia de publicidade, era usada para recados políticos e os jogadores se posicionavam politicamente, chegando até a se filiar a Partidos.



Só que tres fatores foram determinantes para o sucesso da Democracia Corintiana. Em primeiro lugar o local, dificilmente o Movimento teria tanta repercussão se acontecesse fora do eixo Rio-SP. Movimento se passou em SP e no Corinthians um dos Clubes mais populares e midiaticos do Brasil.
Em segundo lugar os resultados, o time conseguiu ganhar titulos. Fazendo que seus difamadores que chamavam o Movimento de Anarquia Corintiana, não tivessem argumento para atacá-la.


E em terceiro lugar, e talvez mais importante a situação politica do pais, num pais que vivia sob a batuta da ditadura. É difícil imaginar um local de trabalho onde todas as decisões eram decididas no voto. Um lugar assim continua sendo difícil de imaginar agora 30 anos depois.
Não é também nenhum exagero dizer que a Democracia Corintiana era um dos empurrões que faltavam para o Movimento das Diretas-Já ganhar apoio popular. Em 1984 com o Movimento Corintiano já consolidado, um dos principais apoiadores do Movimento, o narrador esportivo Osmar Santos era o "locutor das Diretas" nos atos que tomavam as ruas das principais cidades Brasileiras, atos que também tinham a presença dos jogadores Corintianos.



Apesar de todo glamour popular o Movimento das Diretas-Já foi derrotado no Congresso, frustrando assim o sonho de milhões de Brasileiros, na esteira dessa derrota do povo. Infelizmente o Movimento Corintiano perdeu força e acabou. A troca do Presidente do Clube e a saída do Doutor Socrates... que foi jogar na Italia cumprindo uma promessa de deixar o Brasil caso não pudesse votar para Presidente, foram os principais fatores para o fim da Democracia Corintiana. Só que ela não morreu, hoje qualquer pessoa que gosta um pouco de politica e futebol, sabe da existência e da importância do Movimento Corintiano. Que 30 anos depois continua sendo debatido, discutido, lembrado em livros e filmes.
Só 5 anos depois em 1989 os Brasileiros puderam eleger Presidente. Embora o primeiro resultado das Diretas parecer desastroso, a vitoria de Collor. Mas vamos ser otimistas o Primeiro resultado das Diretas foi o impeachement de Collor, com o povo voltando as ruas para tira-lo do poder.



A Democracia Corintiana se foi sem conseguir revolucionar totalmente o reacionário Futebol Brasileiro como se prometia. Mas aquele time entrou pra história.
Salve as verdadeiras Democracias...
Salve a DEMOCRACIA CORINTIANA!